Poema Pícaro











Pomposo, ponderado, primoroso,
Pacheco passeia pelo parque.
Pretende parecer paternal.
Procura, porém, prazeres proibidos,
possuído por propósitos pornográficos.
Persegue pequenas púberes
(possivelmente pianistas precoces?
professoras primárias potenciais?
provincianas pobres? plutocratas, porventura?
pulmonares predestinadas? princesas, por partida?
pragmatistas praticantes? protagonistas prévias?),
propiciando presentes pacholas,
Pretenso purista, pseudopuritano,
prodigaliza pirolitos, popcorn, pinhões;
perfidamente, provocante,
patenteia porcos postais parisienses.
Pestisca prazenteiro,
puxando pelas pratas,
pressurosamente pagando.
Propõe patinarem (pudera!).
Perturbado pelos pulos, pelo pagode,
Pacheco piora, perde placidez, prevarica:
precipita-se, pletórico, purpúreo, priápico
palpando pernas polpudas.
Pessoas presentes percebem perfeitamente
- pedem, pois, para prender Pacheco.
Perguntado por prestimosos populares,
por pais presumivelmente profanados,
por polícias prontificados,
por paisanas proficientes,
Pacheco protesta, prolixamente,
proclama protecções proeminentes
(permitindo pressupor privilégios),
promete peremptoriamente promoções.
Previdentemente, prova precedentes probos.
Populares, pais, polícias, paisanas
passam por parvos - porque pedem perdão,
Pacheco prossegue.
Protejamos, portanto, pueris primícias,
pessoalmente prevenindo:
Prudência, pais portugueses!
Pelos parques perpassa,
pomposo, ponderado, primoroso,
Pacheco - perigo público.


José Sesinando [1923-1995]

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